terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Por que prefiro a Itália a Paris?

Primeiro nem digam que sou louca, nem me pergutem como é possível uma gastronoma (em vias de formação) preferir a Itália em vez de Paris?
Nem deveria respostar...mas o fato é que cada um é cada um...nem sempre vou agradar a todos e quer saber é bom assim..ser diferente!
Mas mesmo assim, boazinha que sou, vou explicar.
Cresci minha vida inteira, ouvindo a minha avó me falar dos sonhos que ela tinha de conhecer Paris.
E quando ela finalmente realizou esse sonho, não pude ir junto, mas ganhei de presente pessegos frescos maravilhosos.
Lógico que não foi só isso que me influenciou, existiam tantas outras coisas, como Simone de Beauvoir, a Torre Eiffel, toda a história de Luiz XV e da sua corte e também porque lá é a pátria da minha bebida favorita.
Acho que meio que por osmose esse desejo permeou a minha vida inteira até esse ano.
Hoje depois de realizado esse desejo me pergunto será que prefiro a Itália à Paris?
Italia..sem chances.
Por que???
Porque...Paris é fria em todos os sentidos e meu coração é quente.
Paris tem seus encantos, não nego mas Roma...exalta tantas outras coisas e sobretudo tem um povo mais afetuoso, mais barulhento, mais briguento mais a minha cara.
Portanto está decidido...minhas próximas férias irei a Roma.
Afinal como dizem: "todos os caminhos levam a Roma!!".
Além de tudo a Itália é a pátria do risotto.
Na produção mundial, em termos culinários, nenhum outro lugar ergueu o arroz mais alto do que esse país.
No século XIII e anterior, há registros na Itália sobre a presença do arroz. A lavoura, no entanto, só se firma a partir do século XV.
O arroz chegou pelo sul, proveniente da África e do Oriente Médio. Nas províncias meridionais, como a Sicília, o arroz é preparado preferencialmente no forno.
Na Lombardia e Piemonte, ao norte, os arrozais prosperaram, irrigados.
O Estado quis manter a exclusividade dessa produção de qualidade proibindo a exportação.
Na Itália setentrional a culinária tomou rumo diferente da do sul. O arroz não vai ao forno.
Ele é cozido dentro de caldos e sopas, aos poucos, vai engrossando, ficando mais espessos, o líquido é absorvido, o arroz aparece mais, ganha volume e, finalmente, vida própria. Isso é o risotto.
A palavra risotto provém de dialeto lombardo-piemontês.
Uma "sopa enxuta", cremosa, na qual se forma uma liga entre os grãos devido à qualidade do arroz que libera amido suficiente na fervura para unir os grãos.
O brodo e os molhos são absorvidos, mas os grãos não ficam encharcados. Essa é a grande diferença entre os demais tipos de arroz.
Essa é a essência do risotto.
Somente o italiano conseguiu grãos que, ao cozer, absorvem os sabores e se juntam sem grudar.
Outros grãos, mais soltos e secos, ficam encharcados e grudentos, não são um verdadeiro risotto.
Para o resto do mundo, o arroz cozido é apenas guarnição para os pratos, na Itália o arroz tem status de primeiro prato e de prato principal.
O arroz arbório, dentre os italianos, o de grão mais longo, serve para todos os tipos de risotto, aceitando bem o queijo e a manteiga.
Podem ser feitas tantas combinações de risotto quiser, depende apenas da imaginação do chef.
A história do arroz registra a crendice do homem no poder da espiga e dos grãos, considerados portadores da paz e prosperidade, símbolos da felicidade e fertilidade.
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São por essas e outras (digamos que interesses profissionais futuros), que me fazem colocar essa viagem na minha listinha de presentes a Papai Noel e nas minhas metas para o ano de 2011.

Um comentário:

Leo disse...

Grega, faça o que te der na telha. Não dê satisfações. Essa autenticidade é que faz de você o que você é. Você não veio ao mundo para atender a espectativas de ninguem. É risotto que queres? Nos fartemos de risotto, então. Sou capaz de aprender italiano para te acompanhar. Bjs